Governança e os programas de integridade: Um olhar sobre os desafios regionais das prefeituras brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.21434/IberoamericanJCG.v11i00.152Palavras-chave:
Programas de Integridade, Cultura de Integridade, Compliance, Corrupção, PrefeiturasResumo
Objetivo: analisar os desafios regionais enfrentados por prefeituras brasileiras na implementação de programas de integridade. Pretende-se identificar as fragilidades e boas práticas na adoção desses programas.
Método: A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, utilizando questionários estruturados para coleta de dados. Foram selecionadas prefeituras de todas as regiões do Brasil, com diferentes portes, perfis populacionais e orçamentários. As respostas foram analisadas para identificar temas recorrentes, padrões e relações entre os desafios e as práticas observadas.
Resultados: Os principais resultados indicam que, embora 90% das prefeituras não possuam programas de integridade, conforme diagnóstico do CONACI, há um avanço significativo na adoção desses programas em municípios de diversos portes. As dificuldades mais comuns incluem a falta de instância responsável pelas ações do programa, baixa disseminação de conhecimento sobre compliance, integridade e ESG, limitações de recursos humanos e financeiros, baixa aderência à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e dificuldades para adequação à nova Lei de Licitações.
Originalidade/Relevância: O estudo se insere na lacuna teórica referente à implementação de programas de integridade em contextos regionais diversos e de baixa maturidade em governança e compliance. A relevância acadêmica da pesquisa reside na compreensão das especificidades regionais que influenciam a adoção de práticas de integridade, destacando a necessidade de abordagens personalizadas e adaptativas.
Contribuições teóricas/metodológicas: A pesquisa contribui teoricamente ao evidenciar a importância de adaptar os programas de integridade às realidades locais, reforçando a necessidade de flexibilidade na implementação de políticas de compliance. Metodologicamente, o estudo demonstra a eficácia da análise qualitativa de questionários estruturados para mapear desafios e boas práticas em governança pública.
Contribuições sociais/para a gestão: As implicações sociais e gerenciais incluem a identificação de estratégias para a implementação de programas de integridade em diferentes contextos municipais e regionais. O estudo sugere a importância de apoio técnico e consultorias especializadas para superar as barreiras identificadas.
Referências
Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Brasil. (2017). Decreto n. 9.203, de 22 de novembro de 2017. Dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9203.htm
Brasil. (2022). Decreto nº 11.129 de 2022 sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. Brasília. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/decreto/d11129.htm
Brasil. (2015). Decreto nº 8.420 de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências. Brasília. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/D8420.htm
Brasil. (2021). Lei n. 14.133, de 1º de abril de 2021. Dispõe sobre licitações e contratos administrativos. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
Brasil. (2018). Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm
Bizarrias, F. S. (2024). Governance and Sustainability in Developing Countries: Intelectual Structure, Trends and Lessons From Brazil and China. SDGs Studies Review, 5 (goals), e0150. https://doi.org/10.37497/esg.v7iesg.1618 DOI: https://doi.org/10.37497/esg.v7iesg.1618
Cardoso, H. R., Neto, V. L., & Ferrari, F. J. (2024). A lei anticorrupção e seus principais aspectos: o procedimento administrativo de responsabilização, o programa de integridade e o acordo de leniência. Journal of Law and Corruption Review, 6, e076-e076. https://doi.org/10.37497/CorruptionReview.6.2024.76 DOI: https://doi.org/10.37497/CorruptionReview.6.2024.76
Controladoria-Geral da União. (2018). Portaria nº 1.089, de 25 de abril de 2018 que estabelece orientações para que os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional adotem procedimentos para a estruturação, a execução e o monitoramento de seus programas de integridade. Brasília, DF: CGU.
Controladoria-Geral da União. (2023). Integridade pública. Brasília, DF: CGU. Disponível em https://www.gov.br/cgu/pt-br/centrais-de-conteudo/campanhas/integridade-publica/integridade-publica
Controladoria-Geral da União. (2017). Sugestões de decretos para regulamentação da lei anticorrupção nos municípios. Disponível em https://repositorio.cgu.gov.br/bitstream/1/44491/5/1_cartilha_de_decretos_para_regulamentacao.pdf
CONACI. (2022). Diagnóstico nacional do controle interno: uma avaliação do nível de estruturação das unidades centrais de controle interno do poder executivo dos municípios brasileiros baseada no COSO 1 e IA-CM. Belo Horizonte: CONACI.
Creswell, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches (4th ed.). Thousand Oaks, CA: Sage Publications.
Deb, A. (2024). Environmental, social, & governance (ESG) through the lens of public administration: A systematic analysis of literature review. Disponível em SSRN 4762863. DOI: https://doi.org/10.2139/ssrn.4762863
Diehl, A. A., & Tatim, D. C. (2004). Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Pearson Brasil.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2022). Censo demográfico 2022: Resultados preliminares. Disponível em https://www.ibge.gov.br/
IPM. (2023). ESG na gestão pública: uma transformação necessária. Disponível em https://www.ipm.com.br/esg-na-gestao-publica/
Johansson, N. (2022). Not yet sustainable: the public sector is lagging behind on ESG reporting. Global Government Forum. Disponível em https://www.globalgovernmentforum.com/not-yet-sustainable-the-public-sector-is-lagging-behind-on-esg-reporting/
Leal, J. M. P., Garcel, A., & Piakoski, A. C. (2022). A prospecção de uma cultura de integridade: a implantação do compliance e da governança no poder judiciário. Revista do CEJUR/TJSC: Prestação Jurisdicional, 10(1), e0388. https://doi.org/10.37497/revistacejur.v10i1.388 DOI: https://doi.org/10.37497/revistacejur.v10i1.388
Moessa de Souza, L. (2023). Integration of ESG factors into financial regulations in Brazil: An overview. Revista do CEJUR/TJSC: Prestação Jurisdicional, 11, e0407. https://doi.org/10.37497/revistacejur.v11i00.407 DOI: https://doi.org/10.37497/revistacejur.v11i00.407
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2017). Recomendação do Conselho da OCDE sobre integridade pública. Disponível em https://www.oecd.org/gov/ethics/integrity-recommendation-brazilian-portuguese.pdf
Pacto Global Rede Brasil. (n.d.). Combate à corrupção: uma oportunidade de negócios e de ética no setor privado. Disponível em https://pactoglobal.org.br/noticia/231/combate-a-corrupcao-uma-oportunidade-de-negocios-e-de-etica-no-setor-privado
Rede Governança Brasil. (2022). Cartilha para estruturação de programas de integridade para prefeituras. Salvador, BA; Brasília, DF: Editora Mente Aberta; Rede Governança Brasil. DOI: https://doi.org/10.37497/opsbrazil.3
Rede Governança Brasil. (n.d.). Mentoria para prefeituras brasileiras. Disponível em https://www.rgb.org.br/mentoria-prefeitos
Ribeiro, T. de L., & Antônio de Lima, A. (2022). Environmental, social and governance (ESG): Mapeamento e análise de clusters. RGC - Revista de Governança Corporativa, 9(1), e0120. https://doi.org/10.21434/IberoamericanJCG.v9i1.120 DOI: https://doi.org/10.21434/IberoamericanJCG.v9i1.120
Tribunal de Contas da União. (2014). Referencial básico de governança pública organizacional: 2ª edição corrigida. Brasília, DF: TCU. Disponível em https://portal.tcu.gov.br/data/files/FA/B6/EA/85/1CD4671023455957E18818A8/Referencial_basico_governanca_2_edicao.PDF
Yin, R. K. (2018). Case study research and applications: Design and methods (6th ed.). Thousand Oaks, CA: Sage Publications.
Zenkner, M., & De Castro, R. P. A. (Eds.). (2020). Compliance no setor público. Fórum Conhecimento Jurídico.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do texto na da revista;
O(s) autor(es) garantem que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
A revista não se responsabiliza pelas opiniões, idéias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
É reservado aos editores o direito de proceder a ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) emhttp://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html